uso de energia solar se amplia no brasil

11/05/2017

por Gabriel Azevedo

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou no início da semana que o Brasil já tem instalados mais de 10 mil painéis solares de microgeração de energia. A Aneel também divulgou que o número de painéis dobrou em apenas seis meses, passando de cinco mil, em outubro, para 10 mil em abril. Esta notícia me deixa extremamente feliz, pois, em 2015, instalei sistema de captação e geração de energia solar no meu apartamento.Depois, fiz o mesmo no prédio do qual fui síndico.

A – O mais interessante na notícia é que a maioria dos painéis é para microgeração, instalados por pessoas que se conscientizaram dos benefícios que o uso da energia solar traz. São consumidores que montam os painéis, os conectam à rede de energia e, com isso, reduzem o consumo de eletricidade, diminuindo o valor da conta de luz. É óbvio que a utilização de energia solar no Brasil ainda está se iniciando, é ínfima quando comparada com o uso em larga escala da energia elétrica em países da Europa . Mas é um ótimo começo, pois mostra que a população está descobrindo as vantagens ecológicas e econômicas da energia solar.

B – A instalação de painéis solares foi regulamentada no Brasil em 2012 e eu, que uso o sistema desde agosto de 2015, entendo que o país despertou tardiamente para a importância dessa energia limpa. Mas antes tarde do que nunca, e o fundamental é disseminar as vantagens que tal sistema de geração de energia traz. Uma das bases do meu mandato parlamentar é a defesa da sustentabilidade, e a adoção da energia fotovoltaica é um dos 31 compromissos que assumi durante a campanha.

C – Entendo que a utilização de painéis fotovoltaicos em prédios públicos trará economia significativa para as finanças municipais, compensando o investimento inicial para a instalação dos equipamentos. Faz-se necessário apenas que a instalação seja precedida de estudos técnicos pormenorizados, para verificar a viabilidade em cada imóvel público, para a boa aplicação dos recursos do município.

D – Também defendo o estabelecimento de mecanismos para que a população seja incentivada a adotar a energia fotovoltaica. Belo Horizonte é uma cidade com boa incidência solar, e pode se tornar pioneira na criação de ferramentas que contribuam para a ampliação desse modelo alternativo de geração de energia. Repito: os benefícios são muitos para o consumidor e o meio ambiente.

E – Tomo a liberdade de replicar alguns tópicos que publiquei neste blog em agosto de 2015, contando como me decidi pelo uso da energia solar. O objetivo é mostrar, em linhas gerais, o que deve ser feito por quem opta pelo modelo sustentável de geração que o sistema fotovoltaico possibilita. Acredito que repetir minha experiência pode alcançar mais pessoas e difundir a prática de microgeração de energia solar.

E – Qual é o primeiro passo? Depende. Se você mora numa casa, fica mais simples. O telhado é seu e você faz dele o que bem entender. Se decidir utilizá-lo de maneira inteligente sem desperdiçar água das chuvas e luz solar, melhor ainda! Não foi o meu caso. Habito um condomínio, ou seja, há parte da edificação onde posso agir de modo particular, o limite do meu apartamento, e há parte que é de domínio comum, ou seja, onde qualquer intervenção ou uso depende da autorização da coletividade.

F – O que fiz foi procurar os outros 23 condôminos para conseguir a permissão de todos para instalar o sistema de painéis fotovoltaicos no alto do prédio, uma área comum. Fui de apartamento em apartamento explicando meu intento. A maior parte achou muito bom e concordou. Outros perguntaram se a instalação de um sistema inviabilizaria a construção de outros e isso, claro, depende do tamanho do topo do edifício. No caso do meu, ainda será possível instalar mais cinco conjuntos de placas se outros vizinhos decidirem utilizar. Não adianta ouvir uma resposta positiva dos seus vizinhos. É necessário que se convoque uma assembléia geral extraordinária onde todos os condôminos concordem com a iniciativa.

G – Se você morar em edifício e superar essa etapa, considero que a parte mais difícil já ficou para trás. Eu realmente temia não conseguir ir adiante, afinal de contas bastava um discordar… Todavia, se eu não conseguisse encarar um desafio num prédio seria melhor desistir da política de vez. Deu certo. Passamos à etapa seguinte: calcular qual seria a minha necessidade. Como cada construção é diferente, assim que alguém decide gerar sua própria energia, o projeto de um sistema fotovoltaico precisa ser feito especialmente para cada um. A equipe que você escolher precisa agendar uma visita no local para levantamento de dados para que o projeto obedeça todas as normas e também suas necessidades de energia.

H – Vale contratar uma empresa que fique responsável por elaborar toda a documentação para cadastro na concessionária de energia responsável, no caso a Cemig. Sim! Você precisa avisar a Cemig que vai gerar energia. Você não pode fazer isso desconectado do sistema geral. É necessário, em primeiro lugar, solicitar à concessionária de energia o parecer de acesso. Deve-se apresentá-los juntamente com a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) de projeto. Aguarda-se a aprovação do Parecer de Acesso, que deverá ser enviado em até 30 dias após o pedido.

I – É fundamental que a instalação observe o comportamento do sol ao longo do ano e de que maneira os painéis devem ser instalados para se obter o aproveitamento máximo da luz solar. Muita gente fica preocupada com a possibilidade de granizo danificar as placas. Não é o caso. O que causa dano nelas são objetos pontiagudos que risquem sua superfície. O peso do granizo nada causa. Há vídeos que mostram as placas sendo testadas com caminhões.

J – Depois de tudo acertado, o sistema foi instalado. O material chega num dia. A instalação se dá em dois dias. No primeiro, toda a estrutura é montada e os painéis são parafusados. No segundo, tudo é ligado e conectado ao sistema. Depois disso, sua usina solar particular já começa a funcionar imediatamente. A concessionaria de energia deve ser avisada para trocar o medidor no seu apartamento. Prazo de até 30 dias após o pedido formal para a vistoria. O Relatório de Vistoria é emitido em até 15 dias após a vistoria. Caso solicitado no relatório, deve-se realizar possíveis adequações das instalações. O novo medidor é instalado em até 7 dias.

K – O registro do projeto na concessionária de energia responsável, gerando toda a documentação necessária, é obrigatório. Com esse processo, você passa a gerar energia limpa, economizar dinheiro e proteger o meio ambiente. E você pode monitorar! Ao instalar no meu celular o aplicativo Plant Viewer, consigo visualizar em tempo real o quanto de energia está sendo gerada vinte e quatro horas por dia de onde eu estiver.

L – O projeto todo foi concluído em 82 dias. Nesse período, participei da assembléia do condomínio, registrei a ata, fiz a solicitação de acesso a Cemig, que emitiu o parecer, comprei e instalei o sistema, solicitei a vistoria, recebi o relatório da vistoria, tive o ponto de conexão aprovado e efetivei a conexão para começar a pagar apenas a diferença na medição.