o que dizer do(s) protesto(s) da semana passada
O programa televisivo “Fantástico”, da Rede Globo, exibiu no último domingo, 16 de agosto de 2015, uma reportagem sobre os protestos que tomaram as ruas do Brasil ontem. Essa foi a terceira onda de manifestações contra o PT (no governo federal) que ocorreu no mesmo ano. Além da última, houve uma em 15 de março e outra em 12 de abril. Os jornalistas televisivos tiveram muito cuidado ao citar o número de presentes com base nas informações dos participantes, das polícias militares e dos institutos de pesquisa. Bobagem… Tudo receio de um ou de outro que criaria conspirações. Depois de certos números, a quantidade de gente fica irrelevante. O fato: havia individuos nas ruas em todas as capitais e em inúmeras cidades do interior. As duas maiores manifestações de rua na história brasileira (diretas já e caras pintadas) não somaram tanto. E o que vai acontecer agora?
Em política, estar com a rua não é o mesmo que estar na rua. Ulysses Guimarães
A – A frase acima é enigmática, assim como era seu autor (um dos políticos brasileiros que mais admiro). A crise está com a rua, penso eu, mas a crise não está na rua. Explico. Nunca se viu tanta gente protestando no Brasil, é verdade. Todavia, há dois fatores que desejo destacar: a desconexão entre o sistema político e a sociedade é o primeiro; a semelhança entre a população brasileira e o sapo na panela é o segundo. Merecem ser analisados em parte. Começo pela analogia com o anfíbio.
B – Todo mundo sabe, embora, espero eu, nunca tenham feito isso em casa, que um sapo colocado num recipiente com a mesma água do local onde ele vive, fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, mesmo que ela ferva. Vários estudos biológicos demonstram isso. O sapo não reage ao gradual aumento de temperatura (mudanças de ambiente) e morre quando a água ferve. (se eu bem me lembro das aulas de biologia no colégio militar, os animais com essa propriedade são definidos como pecilotérmicos, pois o sangue adquire a temperatura do ambiente). Por outro lado, outro sapo (o primeiro já era…) que seja jogado nesse recipiente com a água já fervendo, salta imediatamente para fora. O povo brasileiro é muito semelhante com o sapo, na minha opinão. Diante da água fervendo, não fica parado. Por outro lado, o mesmo povo tem uma capacidade impressionante em tolerar altas temperaturas que vão aumentando gradualmente. Não chega a morrer cozido, mas leva muito tempo para saltar (se saltar)! Vou exemplificar…
C – O Brasil sofreu por vários anos com a hiperinflação: em 1989, o ano antes da posse de Fernando Collor de Mello, a média mensal da inflação foi de 28,94% (a água fervendo e o sapo lá…). No dia 16 de março de 1990, para conter a inflação, a ministra da fazenda Zélia Cardoso de Mello, sem avisos prévios, anunciou na televisão, dentre outros absurdos, o confisco da poupança de milhões brasileiros pelo prazo de dezoito meses. Antes do anúncio do confisco propriamente dito, convidos vocês a assistirem o Jornal Nacional do dia 2 de janeiro de 1990. Observem toda a expectativa que foi criada pelo novo presidente retcém empossado…
D – Onde quero chegar? Antes mesmo de Pedro Collor, irmão do presidente, acusar Paulo César Farias de ser o testa de ferro de Fernando Collor de Mello, a população brasileira já tinha sido atirada numa panela escaldante! A temperatura vinha subindo moderadamente com uma economia que derretia, mas o confisco da poupança foi algo muito impactante! Enquanto uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi instauranda, a executiva nacional do Partido dos Trabalhados decidiu promover uma série de comícios no país pela aprovação do impeachment. Notem bem: nada ainda havia sido provado! A Ordem dos Advogados do Brasil decidiu que a entidade pediria o impeachment de Fernando Collor quando o relatório da comissão ficasse pronto. A comissão confirmou que a reforma na Casa da Dinda foi paga pela BrasilJet, uma empresa que lavava dinheiro público. Cerca de 40.000 estudantes, convocados pela União Nacional dos Estudantes, pediram o impeachment de Fernando Collor. E mais: a CPI provou que o confisco atingiu todos os brasileiros, mas poupou as contas bancárias de aliados de Fernando Collor. Como o PT, a UNE e a OAB mudaram…
E – Para explicar bem: o povo naquela época foi provocado diretamente com o confisco da poupança. A corrupção foi apenas uma fagulha que encontrou um ambiente encharcado de querozene. Para mim, as pessoas foram para a rua por que seus bolsos foram subtamente esvaziados. Atualmente, isso não aconteceu! Ao fazer uma análise dessas décadas que se passaram, de 1991 para cá, a vida tinha só melhorado… De um tempo para cá, parou de melhorar e começou a piorar, como afirma a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, dessa segunda-feira, 17 de agosto de 2015. Isso é jogar o sapo na panela fervendo? Não. Isso é aumentar o fogo embaixo dela com o sapo dentro…
F – Logo, dos dois fatores que gostaria de destacar, um já foi tratado: diferente dos eventos que culminaram com o impeachment de Fernando Collor, o povo brasileiro não foi subemetido a uma panela de água fervendo dessa vez. Há um tipo de cidadão mais atento e conectado que se mexe, e se mexe muito, mas ainda não é algo que faça o sapo pular. Posso estar errado… Faço um exercício de suposição: se as chuvas de 2015 forem ainda em menor quantidade do que as chuvas de 2014 e acontecer um apagão, o sapo cai na panela fervendo. Ou seja, um desabastecimento de energia elétrica na casa das pessoas complica muito a vida do PT no governo. Qualqur coisa que seja muito brusca complica a vida de Dilma Rousseff no seu cargo. O aumento da temperatura é ruim, mas não é terrível. Acho que já me fiz entender. O sapo não foi jogado numa panela de água fervendo. Ele se encontra numa panela onde a temperatura está aumentando…
G – A água está começando a esquentar mais para o sapo. Ele ainda não notou por completo. E na política. Como está a temperatura? Não está baixa, mas está diminuindo… Vamos comparar o cenário político atual com a situação de Fernando Collor no início da década de 1990.
Os fatos são teimosos. Lênin
H – O PT era o principal partido de oposição a Fernando Collor. Claro! Em 1989, depois de 29 anos da eleição direta que levou Jânio Quadros à presidência da república (trato desse eleição histórica aqui), Fernando Collor (PRN-AL) foi eleito por pequena margem de votos (42,75% a 37,86%) sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), em campanha que literalmente dividiu o Brasil. Hoje em dia, você não encontra ninguém que votou no vitorioso…
I – A revista Veja publicou, na sua edição de 13 de maio de 1992, uma entrevista do irmão do presidente, Pedro Collor de Mello. Ele acusava o tesoureiro da campanha presidencial de seu irmão, o empresário Paulo César Farias, de articular um esquema de corrupção de tráfico de influência, loteamento de cargos públicos e cobrança de propina dentro do governo. Uma coisa pequena diante da escala dos dias atuais… No mês seguinte, o Congresso Nacional instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso. Essa é a primeira diferença! A mesma revista Veja (que agora o PT acusa de ser golpista) publicou recentemente inúmeras matérias sobre casos e mais casos de corrupcão. Não há um exatamente um parente acusando, mas há inúmeras pessoas dizendo que todo um esquema de corrupção foi gestado e operado por pessoas próximas aos presidentes Lula e Dilma. Ainda, diferentemente daquela época, há uma operação gigantesca da Polícia Federal e do Ministério Público Federal provando toda a lama. Uma CPI foi criada para investigar os atos ilícitos e irregulares na Petrobras? Sim… No dia 5 de fevereiro de 2015, o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) assinou o atou que instaurou a comissão. Qual é portanto a diferença? A CPI que investigou o aliado de Fernando Collor foi composta por algozes na sua quase totalidade! Inclusive pelo PMDB que, pela única vez na vida, foi oposição! O “caçador de marajas” elegeu-se sem base no Congresso Nacional e governava com um grupo pequeno. A CPI que investigou Fernando Collor teve um relatório aprovado contra ele com um placar de 16 votos a 5! O PMDB de Michel Temer, vice-presidente, o PMDB de Renan Calheiros, presidente do senado (com larga experiência sobre crises), o PMDB de Eduardo Cunha, presidente da câmara e todos os outros tipos de PMDB são aliados do PT, partido que governa. O esquema que é investigado pela CPI atual é tanto do PT quanto do PMDB! Essa é a situacão que se difere. No esquema de 1990, qualquer maracutaia não chegava perto de um mísero pixuleco dos dias atuais. O PT e o PMDB estão juntos nessa gororoba! E nenhum dos dois quer cair. Alguém acha que é possível que apenas um caia? Vamos acordar…
J – A CPI atual é diferente da CPI anterior. Duvido que um relatório pedindo o impedimento da presidente será aprovado! Duvido mesmo. Não é apenas isso. Muita gente que me lê já deve ter assistido “House of Cards”, a incrível série produzida pelo netflix. Eu, depois de muito tempo, asssiti as três temporadas e aguardo asiosamente pela quarta. Lembram-se das inúmeras vezes em que os personagens se encontram diante dos quadros contando os votos? A política congressual em qualquer lugar do mundo é exatamente igual: você conta os votos! Vamos brincar de Frank Underwood?
K – No congresso americano, nem tudo funciona como no congresso brasileiro, claro! E Eduardo Cunha tem suas diferenças com Eduardo Cunha, claro! Todavia, um voto é sempre um voto. A Comissão Parlamentar de Inquérito não tem o poder de decidir pelo impeachment. Quem recebe a denúncia e avalia se ela será transformada em processo e encaminhada aos parlamentares é o presidente da Câmara dos Deputados. No caso do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, o processo durou cerca de sete meses, desde a instalação da comissão parlamentar mista de inquérito, em 1º de junho de 1992, até a renúncia de Collor, em 29 de dezembro de 1992. A Câmara dos Deputados vota a favor da abertura do processo de impeachment de Collor por 441 votos a favor e 33 contra. 33! Quantos votos são necessários para abrir um processo de impeachment? Se a denúncia for acolhida pela comissão, o presidente da República deverá apresentar sua defesa, e a comissão poderá voltar a ouvir o denunciante ou fazer diligências. O parecer da comissão será lido no plenário e, posteriormente, levado a votação. Se ao menos dois terços dos 513 deputados votarem a favor da abertura do processo de impeachment (342 votos), ele será encaminhado para o Senado, onde tramitará (quando se trata de crime comum, o processo tramita no STF). Trocando em miúdos (ou em votos!): para o processo de impeachment ser instaurado, são necessários 342 votos! Eles existem no universo de 513 deputados?
L – O PT tem 70 deputados. Vocês imaginam que alguém do PT vai votar a favor do processo de impeachment? Não. Coloquem no quadro: 70 votos contra. O PMDB tem 66 deputados. O PMDB vai votar a favor do impeachment? Eu acho que o PMDB será o PMDB… Vamos chutar um número? 33 votam a favor e 33 votam contra. 103 votando contrariamente até agora. Restam 403. Desses 403 que restam, há 10 do PCdoB e 5 do PSOL, as linhas auxiliares mais óbvias do PT. 15 votos contra o impeachment com toda certeza! Restam agora 388… Começa a apertar. Com mais 46 votos contrários, o processo não segue. O PSD tem 37 deputados e muitas vantagens no governo. O PP tem 36 deputados e muitas vantagens no governo. O PR tem 34 deputados e muitas vantagens no governo. Desses 107 votos, todos votariam contra o impeachment? Não… Todavia o governo só precisaria de 46! Isso tem preço e com os articuladores certos custa até barato! Eu citei apenas o PSD, O PP e o PR. Ainda há o PROS (11), o PTB (25), o PRB (21), o PSB (34), o SD (15), o PDT (19), o PSC (12), o PV (8), o PMN (03), o PTdoB (1), o PRP (03), o PEN (2), o PTC (2), o PHS (5), o PRTB (1), o PSDC (2), o PTN (4) e o PSL (1)… Ufa! Isso é que é base grande! O Fernando Collor não tinha uma. A Dilma Rousseff tem. O PT, esse partido ideológico, tem aliados fisiológicos para deixar com inveja qualquer um! A base está sólida? Não… Deixou de existir? Também não… Os cargos e as benesesses seguem sendo amplamente utilizados por esses partidos que citei! O PSDB (54), o DEM (22) e o PPS (10), partidos declaradamente de oposição, não possuem votos o suficiente para abrir um processo de impeachment. Essa é a realidade. Esse é o jogo. Não há golpe. Claro que não… O impeachment não é golpe! Está previsto na constituição! Todavia, não é ferramenta fácil de se articular…
As pessoas, de vez em quando, tropeçam sobre a verdade, mas na maioria das vezes se levantam e continua andando.Winston Churchill
M – Quer discordar dos cálculos da letra anterior? Tudo bem! Refaça-os! Vamos supor que, por um número mágico, o processo de mpeachment seja aprovado na Câmara dos Deputados. Onde ele será julgado? Naquele lugar chamado Senado que funciona da mesma forma: com votos! Menos… Ao invés de 513, são 81 senadores votando. Antes de contar, convém dar detalhes: quando o Senado instaurar o processo de impeachment, o presidente deve se afastar das suas funções. Porém, se o julgamento demorar mais do que 180 dias, poderá retornar ao cargo enquanto o processo segue tramitando. A sessão de julgamento no Senado é conduzida pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele mesmo: Ricardo Lewandowiski. Se ao menos dois terços dos 81 senadores (54 votos) decidirem pela condenação, o presidente da República perde o cargo e fica inabilitado, por oito anos, para o exercício de função pública. Simplificando: são necessários 54 votos de 81 para afastar a presidente! É muito voto diante da composicão do senado! O PMDB tem 18 votos, o PT tem 14 votos, o PDT tem 6 votos, o PSB tem 6 votos, o PP tem 5 votos, o PSD tem 4 votos, o PR tem 3 votos, o PTB tem 3 votos, o PCdoB tem 1 voto, o PRB tem 1 voto, o PSC tem 1 voto, o PSOL tem 1 voto e o SD tem 1 voto. 64 votos na base! O PSDB tem 11 votos, o DEM tem 5 votos e o PPS tem 1 voto. A matemática está diante de todos.
N – Quando começou o julgamento de Fernando Collor, o presidente renunciou por meio de uma carta lida pelo advogado Moura Rocha no Senado, para evitar o impeachment. O correto seria aceitar o pedido. O vídeo no link acima mostra o que ocorreu. Por 76 votos a favor e 3 contra, Fernando Collor foi condenado à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos. Reafirmo o que tenho dito: Dilma Rousseff está muito distante dessa realidade. Não por que não merece, mas a realidade política dos dias atuais é completamente distitna do cenário que engoliu Fernando Collor. Insisto para que vocês veja o video acima. Notem a tensão dos dias… Itamar Franco tomou posse naquele mesmo monento. Foram dias turbulentos… Muito turbulentos! Pouco antes de subir para fazer o juramente, Itamar e Lula se cumprimentam. Imperdível.
0 – Eu não acredito em impeachment atualmente por duas razões: o sapo não caiu na água fervendo e a política real se dá num mundo descolado da realidade! 93% das pessoas, de acordo com a pesquisa Datafolha, desaprovam Dilma Rousseff! Todavia, o Congresso Nacional não representa isso. O Senado representa as 27 unidades federativas. A Câmara dos Deputados que deve representar a populacão simplemente não ecoa nas suas instalações internas, o que a população grita do lado de fora! E isso tem duas razões! O sistema eleitoral perverso que afasta representantes de representandos e a desatencão do brasileiro na escolha dos seus candidatos ao poder legislativo em detrimento dos candidatos ao poder executivo! Imagine a maior parte dos brasileiros e brasileiras se perguntando agora como votaria num processo de afastamento da presidente o deputado e senador que elegeu… Paciência! A próxima eleição será em 2018! Tudo isso é muito didático… Quer aprender mais? Veja o último pronunciamento de Fernando Collor na televisão antes de ser afastado. É incrivel!
P – Não é apenas no Congresso que Dilma Rousseff encontra forças para permanecer no cargo. As manobras também se deram nas últimas semanas no Tribunal de Contas da União e no Tribunal Superior Eleitoral. Ela segue lá… Da mesma forma como chegou? De jeito nenhum!
Q – A imagem da presidente é irrecuperável. As manifestações da rua são responsáveis por isso desde 2013. As primeiras, ainda na Copa do Mundo, mais difusas… As atuais com alvo certo: o PT e seus dois presidentes. Perguntariam para mim: então, se o sapo não caiu na água fervendo e se o sistema político não vai dar forma ao afastamento, vale a pena seguir na rua? Vale demais! Vale muito! Afinal de contas, isso vai esquentando a água de outro sapo: o governo! Quando ele menos notar, quem vai se cozinhar é ele e aqueles que estão ao seu redor.
O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta. Maquiavel
R – O ato de ir às ruas tem transformado a participacão cidadã no Brasil. Isso faz uma enorme diferença. Não é diferença que se nota de um dia para o outro ou de um ano para o outro, mas que conta muito de eleição em eleição. Com manifestações, os individuos vão se concetando mais ao mundo político! Se eu gosto muito de política atulmente e considero que compreendo melhor o tema do que entendia antes, é por que já estou na rua faz tempo! Em 29 de setembro de 2007, organizei com muitos outros um evento na Praça da Liberdade contra o Governo do PT e outras coisas terríveis. Éramos poucos… E temos só aumentando. Gosto de rever essas imagens e buscar pessoas que já estão nas ruas há muito tempo! Isso é construção coletiva! Isso é cidadania. Falar mal do PT naquela época era quase um crime! Afinal, Lula era uma humanidade. Os tempos mudaram…
S – Os tempos mudaram e Lula virou um balão inflável. Para mim, a cena mais emblemática desse domingo foi ver o ex-presidente representado como um presidiário na Esplanada dos Ministérios em Brasília. Aquilo é muito forte. Os manifestantes foram criativos e, sem violência, passaram uma mensagem poderosa. A imagem do PT piora a cada dia. De forma irremediável. E o partido não muda a estratégia… Nas redes sociais, usaram a hashtag #carnacoxinha para estigmatizar e chacotear quem foi protestar. Que triste! Ao mesmo tempo, na frente do Instituto Lula, poucas pessoas unifromizadas faziam um churrsaco em apoio ao PT. Isso foi a piada… Seria cômico, se não fosse trágico! Ou pior, a tal Marcha das Margaridas um dia antes. Outros tantos militantes fianciados com dinheiro publico desfilaram em Brasília para demonstrar um poder que o PT não possui mais… O PT faz piada, mas a piada virou o PT. Simplesmente não adianta mais… O partido vai ficar nesse limbo até 2018. Quem nos governo é um zumbi. Não morreu, mas não vive também.
T – Devo destacar a participação de inúmeros políticos da oposicão, com destaque para Aécio Neves. Enquanto petistas são hostilizados onde vão, há outros tantos que são aplaudidos por gente que não é claque. Fizeram muito bem em se juntar aos manifestantes! Antes de serem ocupantes de cargos públicos, esses sujeitos são cidadãos que também se posicionam contra o governo. Parecia muito estranho ver as pessoas na rua descoladas daqueles que eles elegeram para serem representadas. Levou tempo, mas isso foi corrigido. E bem corrigido. Erguer a constituicão foi um gesto simbólico que respondeu a tempo e modo a orientação petista para se pegar em armas.
U – No caso específico de Belo Horizonte, vale destacar que o protesto ocorreu dois dias depois de outros anterirores contrários ao aumento da tarifa de ônibus. Recebi muitas provocacões no meu facebook. Na quinta-feira, 13 de agosto de 2015, manifestantes do movimento chamado “tarifa zero” avisaram as autoridades sobre o ato que fariam, mas descumpriram o roteiro informado. Ao invés de seguir pela Avenida Afonos Pena, tomaram a Rua da Bahia e travaram o trânsito da cidade. Claro que discordei! Não se troca um direito por outro: o direito a manifestação é tão importante quanto o direiro de ir e vir. Eles precisam conviver. Perguntaram se a manifestação de domingo não impediu o direito de ir e vir. Não! Não impediu! Afinal de contas, os organizadores informaram a polícia militar o trajeto e a BHTrans conseguiu organziar rotas alternativas com tempo suficiente. O mesmo se deu na sexta-feira, dia 14 de aosto de 2015, quando o mesmo movimento “tarifa zero” cumpriu o combinado e manifestou-se de maneira pacífica harmonizando direitos. Nem vou tocar no ponto da violência policial, por que essa não se justifica nunca. Aliás, a violência nunca é o caminho! Embora alguns manifestantes discordem de mim…
V – Qual é o caminho portanto? Diria Antonio Machado: caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar. Não ha fórmula para se aprimorar a democracia brasileira. Todavia, acho que estamos caminhando na direção certa. Eu acho o protesto contra o aumento das tarifas muito bom. Eu acho o protesto contra o PT muito bom. O primeiro estranha o segundo, mas não deveria! A estética dos indivíduos é mesmo diferente. No meu facebook, alguém veio dizer que as manifestacões de domingo são muito sem graça: só gente cantando o hino, de verde e amarelo com tudo muito organizado! E qual o problema, oras? A manifestacão tem regra escrita onde? Para manifestar, o cidadão precisa se vestir assim ou assado, usar o cabelo assim ou assado, a roupa tal, o sapato qual… Parem com isso! A únca regra que eu defendo, não apenas por ser lei, mas também por eficácia, é que os protestos não tenham violência. Os protestos violentos nunca dão certo! Nunca! Podem citar os exemplos de sempre que eu terei as respostas. Mahatma Gandhi e Martin Luther King Junior tinha seus defeitos, mas ainda servem como modelos de enfrentamento.
X – O governo do PT precisa ser enfrentado. E enfraquecido. Ele precisa permanecer fraco. Pode ser que o mandato de Dilma Rousseff se abrevie? Pode ser. Eu não acredito nisso. Acho que a nossa próxima oportunidade de substituir esse governo começa em 2016. Toda essa efevercência nas ruas precisa ser transformada em votos. As eleições municipais são uma excelente oportunidade para começar a tirar o PT do poder. Muito mais do que isso! É fundamental enfraquecer o PMDB! A força do PMDB se dá em grande parcela pela grande quantidade de votos que possui nas cidades, sobretudo no interior. E não é enfraquecer apenas PT e PMDB! É hora de tirar o poder das legendas e entregar de volta aos cidadãos. É hora de otimizar a democracia para todos e não só para os militantes. É hora de fortalecer os laços sociais criados por esses movimentos e não ter medo da política. É hora de lançar candidatos para derrotar os defensores do modelo que vem se perpertuando. Se a reforma política não passou e as dificuldades seguem, redobrem as forças para vencer no sistema que há. Se ainda não é possível ser candidato independente sem ser filiado num partido, vale encontrar um onde as ideias não seja derrotadas pelo processo. Falta cerca de um ano para elegermos prefeitos e vereadores. Essa será a grande largada para a necessária mudança em 2018. Caso contrário, a scoiedade vai estar sempre numa pressão e temperatura diferentes do sistema político. Numa hora, esse encontro precisa se dar. Por que não há outro caminho, senão o caminho da política. Sinto informar aos bobocas que defendem golpes…
W – Haverá próxima manifestação? Acho que sim. Serão várias… E o que vai acontecer? Acho que ficaremos nisso. As pessoas vão para rua e a temperatura da panela seguirá esquetando. Para um sapo (povo) e para outro (governo). É muito importante, aliás. O pior seria ver a água esfriar. Achavam que a economia brasileira iria encolher apenas em 2015. Hoje, afirmaram que vai encolher também em 2016. O calor vai aumentando lentamente. Se nada ferver, e acho que não ferverá, os sapos vão seguir dentro d’água. Isso é terrível para o Brasil como um todo, diga-se. Os desafios vão ficando ainda maiores. Eu fico imaginando o trabalho de quem for governar a partir de 2018! E também que tipo de tarefa vai enfrentar quem estiver no poder municipal a partir de 2016. Essa culinária de rãs é cara demais!
Y – Eu aconselho que você vá nas manifestacões. Eu vou sempre que posso! Não pare nisso. Aprofunde-se. Entenda qual a razão dos problemas. E busque soluções para eles. A gente anda muito bom de crítica, mas pouco produtivo nas solucões. Leia muito. Ajuda.
Z – Não esmoreça, cidadão! Esse texto não pretende desanimar ninguém! Ele foi escrito para compartilhar informações que são fundamentais para quem vai para a rua. Vejo uns ou outros tratando o impeachment como a coisa mais simples do mundo! Não é assim. Muito melhor do que ver o cidadão na rua é ver o cidadão bem informado! Esse segundo, muito mais do que o primeiro, muda o Brasil de verdade. Ele pode até não sair de casa para protestar, mas sai de casa para votar melhor que da última vez. É sempre possível melhorar o voto e pular fora da fervura antes que sejamos todos cozinhados.
5 Comentários
Valeu o tempo dedicado à leitura. Excelente texto.
Obrigado!
Parabéns pelo texto cara!
Uma grande comparação entre os panoramas de 1992 e 2015, vivi os dois momentos, este com mais maturidade que o primeiro e sinceramente tinha as mesmas percepções.
A expressão do senador Aluízio Nunes “Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma” não esta errada não, pelo contrario, mostra bem a consciência que o partido tem de sua força e do grande jogo!
Mais uma vez parabéns!
Caro Gabriel, tudo bom?
Eu não me lembro se você escreveu especificamente sobre isto no Facebook, mas gostaria de saber sua opinião sobre a fraude das últimas eleições.
(Na verdade, depois de ler sua esclarecedora publicação sobre o aeroporto de Cláudio, me perguntei se uma “investigação particular” do Gabriel não constataria as irregularidades/absurdos na contratação da Smartmatic, na escolha dos ministros do TSE, etc.)
Uma amostra: http://www.cic.unb.br/~rezende/trabs/relatorio-smart.html
Um abraço.
Caro Frederico, inúmeros indícios demonstram que o processo não foi 100% livre de fraudes. O fato é que a autocracia desse partido já permeia os tribunais fazendo com que qualquer levantamento não culmine num julgamento pleno dos acontecimentos. Tenho muito material, inclusive por que me enviaram. Só acho que, considerando o não julgamento correto, meu papel é reunir forças para a batalha em 2018. As fraudes de 2014 (mínimas, na minha opinião) não vão conseguir operar o resultado da próxima eleição. Abraços.