um presidente que virou balão também pode murchar
um presidente que virou balão também pode murchar

o que dizer do(s) protesto(s) da semana passada

O programa televisivo “Fantástico”, da Rede Globo, exibiu no último domingo, 16 de agosto de 2015, uma reportagem sobre os protestos que tomaram as ruas do Brasil ontem. Essa foi a terceira onda de manifestações contra o PT (no governo federal) que ocorreu no mesmo ano. Além da última, houve uma em 15 de março e outra em 12 de abril. Os jornalistas televisivos tiveram muito cuidado ao citar o número de presentes com base nas informações dos participantes, das polícias militares e dos institutos de pesquisa. Bobagem… Tudo receio de um ou de outro que criaria conspirações. Depois de certos números, a quantidade de gente fica irrelevante. O fato: havia individuos nas ruas em todas as capitais e em inúmeras cidades do interior. As duas maiores manifestações de rua na história brasileira (diretas já e caras pintadas) não somaram tanto. E o que vai acontecer agora?

Em política, estar com a rua não é o mesmo que estar na rua. Ulysses Guimarães

A – A frase acima é enigmática, assim como era seu autor (um dos políticos brasileiros que mais admiro). A crise está com a rua, penso eu, mas a crise não está na rua. Explico. Nunca se viu tanta gente protestando no Brasil, é verdade. Todavia, há dois fatores que desejo destacar: a desconexão entre o sistema político e a sociedade é o primeiro; a semelhança entre a população brasileira e o sapo na panela é o segundo. Merecem ser analisados em parte. Começo pela analogia com o anfíbio.

B – Todo mundo sabe, embora, espero eu, nunca tenham feito isso em casa, que um sapo colocado num recipiente com a mesma água do local onde ele vive, fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, mesmo que ela ferva.  Vários estudos biológicos demonstram isso. O sapo não reage ao gradual aumento de temperatura (mudanças de ambiente) e morre quando a água ferve. (se eu bem me lembro das aulas de biologia no colégio  militar, os animais com essa propriedade são definidos como pecilotérmicos, pois o sangue adquire a temperatura do ambiente). Por outro lado, outro sapo (o primeiro já era…) que seja jogado nesse recipiente com a água já fervendo, salta imediatamente para fora. O povo brasileiro é muito semelhante com o sapo, na minha opinão. Diante da água fervendo, não fica parado. Por outro lado, o mesmo povo tem uma capacidade impressionante em tolerar altas temperaturas que vão aumentando gradualmente. Não chega a morrer cozido, mas leva muito tempo para saltar (se saltar)! Vou exemplificar…

C – O Brasil sofreu por vários anos com a hiperinflação: em 1989, o ano antes da posse de Fernando Collor de Mello, a média mensal da inflação foi de 28,94% (a água fervendo e o sapo lá…). No dia 16 de março de 1990, para conter a inflação, a ministra da fazenda Zélia Cardoso de Mello, sem avisos prévios, anunciou na televisão, dentre outros absurdos, o confisco da poupança de milhões brasileiros pelo prazo de dezoito meses. Antes do anúncio do confisco propriamente dito, convidos vocês a assistirem o Jornal Nacional do dia 2 de janeiro de 1990. Observem toda a expectativa que foi criada pelo novo presidente retcém empossado…

D – Onde quero chegar? Antes mesmo de Pedro Collor, irmão do presidente, acusar Paulo César Farias de ser o testa de ferro de Fernando Collor de Mello, a população brasileira já tinha sido atirada numa panela escaldante! A temperatura vinha subindo moderadamente com uma economia que derretia, mas o confisco da poupança foi algo muito impactante! Enquanto uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi instauranda, a executiva nacional do Partido dos Trabalhados decidiu promover uma série de comícios no país pela aprovação do impeachment. Notem bem: nada ainda havia sido provado! A Ordem dos Advogados do Brasil decidiu que a entidade pediria o impeachment de Fernando Collor quando o relatório da comissão ficasse pronto. A comissão confirmou que a reforma na Casa da Dinda foi paga pela BrasilJet, uma empresa que lavava dinheiro público. Cerca de 40.000 estudantes, convocados pela União Nacional dos Estudantes, pediram o impeachment de Fernando Collor. E mais: a CPI provou que o confisco atingiu todos os brasileiros, mas poupou as contas bancárias de aliados de Fernando Collor. Como o PT, a UNE e a OAB mudaram…

E – Para explicar bem: o povo naquela época foi provocado diretamente com o confisco da poupança. A corrupção foi apenas uma fagulha que encontrou um ambiente encharcado de querozene. Para mim, as pessoas foram para a rua por que seus bolsos foram subtamente esvaziados. Atualmente, isso não aconteceu! Ao fazer uma análise dessas décadas que se passaram, de 1991 para cá, a vida tinha só melhorado… De um tempo para cá, parou de melhorar e começou a piorar, como afirma a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, dessa segunda-feira, 17 de agosto de 2015. Isso é jogar o sapo na panela fervendo? Não. Isso é aumentar o fogo embaixo dela com o sapo dentro…

F – Logo, dos dois fatores que gostaria de destacar, um já foi tratado: diferente dos eventos que culminaram com o impeachment de Fernando Collor, o povo brasileiro não foi subemetido a uma panela de água fervendo dessa vez. Há um tipo de cidadão mais atento e conectado que se mexe, e se mexe muito, mas ainda não é algo que faça o sapo pular. Posso estar errado… Faço um exercício de suposição: se as chuvas de 2015 forem ainda em menor quantidade do que as chuvas de 2014 e acontecer um apagão, o sapo cai na panela fervendo. Ou seja, um desabastecimento de energia elétrica na casa das pessoas complica muito a vida do PT no governo. Qualqur coisa que seja muito brusca complica a vida de Dilma Rousseff no seu cargo. O aumento da temperatura é ruim, mas não é terrível. Acho que já me fiz entender. O sapo não foi jogado numa panela de água fervendo. Ele se encontra numa panela onde a temperatura está aumentando…

G – A água está começando a esquentar mais para o sapo. Ele ainda não notou por completo. E na política. Como está a temperatura? Não está baixa, mas está diminuindo… Vamos comparar o cenário político atual com a situação de Fernando Collor no início da década de 1990.

Os fatos são teimosos. Lênin

HO PT era o principal partido de oposição a Fernando Collor. Claro! Em 1989, depois de 29 anos da eleição direta que levou Jânio Quadros à presidência da república (trato desse eleição histórica aqui),  Fernando Collor (PRN-AL) foi eleito por pequena margem de votos (42,75% a 37,86%) sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), em campanha que literalmente dividiu o Brasil. Hoje em dia, você não encontra ninguém que votou no vitorioso…

I – A revista Veja publicou, na sua edição de 13 de maio de 1992, uma entrevista do irmão do presidente, Pedro Collor de Mello. Ele acusava o tesoureiro da campanha presidencial de seu irmão, o empresário Paulo César Farias, de articular um esquema de corrupção de tráfico de influência, loteamento de cargos públicos e cobrança de propina dentro do governo. Uma coisa pequena diante da escala dos dias atuais… No mês seguinte, o Congresso Nacional instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso. Essa é a primeira diferença! A mesma revista Veja (que agora o PT acusa de ser golpista) publicou recentemente inúmeras matérias sobre casos e mais casos de corrupcão. Não há um exatamente um parente acusando, mas há inúmeras pessoas dizendo que todo um esquema de corrupção foi gestado e operado por pessoas próximas aos presidentes Lula e Dilma. Ainda, diferentemente daquela época, há uma operação gigantesca da Polícia Federal e do Ministério Público Federal provando toda a lama. Uma CPI foi criada para investigar os atos ilícitos e irregulares na Petrobras? Sim… No dia 5 de fevereiro de 2015, o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) assinou o atou que instaurou a comissão. Qual é portanto a diferença? A CPI que investigou o aliado de Fernando Collor foi composta por algozes na sua quase totalidade! Inclusive pelo PMDB que, pela única vez na vida, foi oposição! O “caçador de marajas” elegeu-se sem base no Congresso Nacional e governava com um grupo pequeno. A CPI que investigou Fernando Collor teve um relatório aprovado contra ele com um placar de 16 votos a 5! O PMDB de Michel Temer, vice-presidente, o PMDB de Renan Calheiros, presidente do senado (com larga experiência sobre crises), o PMDB de Eduardo Cunha, presidente da câmara e todos os outros tipos de PMDB são aliados do PT, partido que governa. O esquema que é investigado pela CPI atual é tanto do PT quanto do PMDB! Essa é a situacão que se difere. No esquema de 1990, qualquer maracutaia não chegava perto de um mísero pixuleco dos dias atuais. O PT e o PMDB estão juntos nessa gororoba! E nenhum dos dois quer cair. Alguém acha que é possível que apenas um caia? Vamos acordar…

JA CPI atual é diferente da CPI anterior. Duvido que um relatório pedindo o impedimento da presidente será aprovado! Duvido mesmo. Não é apenas isso. Muita gente que me lê já deve ter assistido “House of Cards”, a incrível série produzida pelo netflix. Eu, depois de muito tempo, asssiti as três temporadas e aguardo asiosamente pela quarta. Lembram-se das inúmeras vezes em que os personagens se encontram diante dos quadros contando os votos? A política congressual em qualquer lugar do mundo é exatamente igual: você conta os votos! Vamos brincar de Frank Underwood?

K – No congresso americano, nem tudo funciona como no congresso brasileiro, claro! E Eduardo Cunha tem suas diferenças com Eduardo Cunha, claro! Todavia, um voto é sempre um voto. A Comissão Parlamentar de Inquérito não tem o poder de decidir pelo impeachment. Quem recebe a denúncia e avalia se ela será transformada em processo e encaminhada aos parlamentares é o presidente da Câmara dos Deputados. No caso do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, o processo durou cerca de sete meses, desde a instalação da comissão parlamentar mista de inquérito, em 1º de junho de 1992, até a renúncia de Collor, em 29 de dezembro de 1992.  A Câmara dos Deputados vota a favor da abertura do processo de impeachment de Collor por 441 votos a favor e 33 contra. 33! Quantos votos são necessários para abrir um processo de impeachment? Se a denúncia for acolhida pela comissão, o presidente da República deverá apresentar sua defesa, e a comissão poderá voltar a ouvir o denunciante ou fazer diligências. O parecer da comissão será lido no plenário e, posteriormente, levado a votação. Se ao menos dois terços dos 513 deputados votarem a favor da abertura do processo de impeachment (342 votos), ele será encaminhado para o Senado, onde tramitará (quando se trata de crime comum, o processo tramita no STF). Trocando em miúdos (ou em votos!): para o processo de impeachment ser instaurado, são necessários 342 votos! Eles existem no universo de 513 deputados?

LO PT tem 70 deputados. Vocês imaginam que alguém do PT vai votar a favor do processo de impeachment? Não. Coloquem no quadro: 70 votos contra. O PMDB tem 66 deputados. O PMDB vai votar a favor do impeachment? Eu acho que o PMDB será o PMDB… Vamos chutar um número? 33 votam a favor e 33 votam contra. 103 votando contrariamente até agora. Restam 403. Desses 403 que restam, há 10 do PCdoB e 5 do PSOL, as linhas auxiliares mais óbvias do PT. 15 votos contra o impeachment com toda certeza! Restam agora 388… Começa a apertar. Com mais 46 votos contrários, o processo não segue. O PSD tem 37 deputados e muitas vantagens no governo. O PP tem 36 deputados e muitas vantagens no governo. O PR tem 34 deputados e muitas vantagens no governo. Desses 107 votos, todos votariam contra o impeachment? Não… Todavia o governo só precisaria de 46! Isso tem preço e com os articuladores certos custa até barato! Eu citei apenas o PSD, O PP e o PR. Ainda há o PROS (11), o PTB (25), o PRB (21), o PSB (34), o SD (15), o PDT (19), o PSC (12), o PV (8), o PMN (03), o PTdoB (1), o PRP (03), o PEN (2), o PTC (2), o PHS (5), o PRTB (1), o PSDC (2), o PTN (4) e o PSL (1)… Ufa! Isso é que é base grande! O Fernando Collor não tinha uma. A Dilma Rousseff tem. O PT, esse partido ideológico, tem aliados fisiológicos para deixar com inveja qualquer um! A base está sólida? Não… Deixou de existir? Também não… Os cargos e as benesesses seguem sendo amplamente utilizados por esses partidos que citei! O PSDB (54), o DEM (22) e o PPS (10), partidos declaradamente de oposição, não possuem votos o suficiente para abrir um processo de impeachment. Essa é a realidade. Esse é o jogo. Não há golpe. Claro que não… O impeachment não é golpe! Está previsto na constituição! Todavia, não é ferramenta fácil de se articular…

As pessoas, de vez em quando, tropeçam sobre a verdade, mas na maioria das vezes se levantam e continua andando.Winston Churchill

M – Quer discordar dos cálculos da letra anterior? Tudo bem! Refaça-os! Vamos supor que, por um número mágico, o processo de mpeachment seja aprovado na Câmara dos Deputados. Onde ele será julgado? Naquele lugar chamado Senado que funciona da mesma forma: com votos! Menos… Ao invés de 513, são 81 senadores votando. Antes de contar, convém dar detalhes: quando o Senado instaurar o processo de impeachment, o presidente deve se afastar das suas funções. Porém, se o julgamento demorar mais do que 180 dias, poderá retornar ao cargo enquanto o processo segue tramitando. A sessão de julgamento no Senado é conduzida pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele mesmo: Ricardo Lewandowiski. Se ao menos dois terços dos 81 senadores (54 votos) decidirem pela condenação, o presidente da República perde o cargo e fica inabilitado, por oito anos, para o exercício de função pública. Simplificando: são necessários 54 votos de 81 para afastar a presidente! É muito voto diante da composicão do senado! O PMDB tem 18 votos, o PT tem 14 votos, o PDT tem 6 votos, o PSB tem 6 votos, o PP tem 5 votos, o PSD tem 4 votos, o PR tem 3 votos, o PTB tem 3 votos, o PCdoB tem 1 voto, o PRB tem 1 voto, o PSC tem 1 voto, o PSOL tem 1 voto e o SD tem 1 voto. 64 votos na base! PSDB tem 11 votos, o DEM tem 5 votos e o PPS tem  1 voto. A matemática está diante de todos.

N – Quando começou o julgamento de Fernando Collor, o presidente renunciou por meio de uma carta lida pelo advogado Moura Rocha no Senado, para evitar o impeachment. O correto seria aceitar o pedido. O vídeo no link acima mostra o que ocorreu. Por 76 votos a favor e 3 contra, Fernando Collor foi condenado à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos. Reafirmo o que tenho dito: Dilma Rousseff está muito distante dessa realidade. Não por que não merece, mas a realidade política dos dias atuais é completamente distitna do cenário que engoliu Fernando Collor. Insisto para que vocês veja o video acima. Notem a tensão dos dias… Itamar Franco tomou posse naquele mesmo monento. Foram dias turbulentos… Muito turbulentos! Pouco antes de subir para fazer o juramente, Itamar e Lula se cumprimentam. Imperdível.

0 – Eu não acredito em impeachment atualmente por duas razões: o sapo não caiu na água fervendo e a política real se dá num mundo descolado da realidade! 93% das pessoas, de acordo com a pesquisa Datafolha, desaprovam Dilma Rousseff! Todavia, o Congresso Nacional não representa isso. O Senado representa as 27 unidades federativas. A Câmara dos Deputados que deve representar a populacão simplemente não ecoa nas suas instalações internas, o que a população grita do lado de fora! E isso tem duas razões! O sistema eleitoral perverso que afasta representantes de representandos e a desatencão do brasileiro na escolha dos seus candidatos ao poder legislativo em detrimento dos candidatos ao poder executivo! Imagine a maior parte dos brasileiros e brasileiras se perguntando agora como votaria num processo de afastamento da presidente o deputado e senador que elegeu… Paciência! A próxima eleição será em 2018! Tudo isso é muito didático… Quer aprender mais? Veja o último pronunciamento de Fernando Collor na televisão antes de ser afastado. É incrivel!

PNão é apenas no Congresso que Dilma Rousseff encontra forças para permanecer no cargo. As manobras também se deram nas últimas semanas no Tribunal de Contas da União e no Tribunal Superior Eleitoral. Ela segue lá… Da mesma forma como chegou? De jeito nenhum!

Q – A imagem da presidente é irrecuperável. As manifestações da rua são responsáveis por isso desde 2013. As primeiras, ainda na Copa do Mundo, mais difusas… As atuais com alvo certo: o PT e seus dois presidentes. Perguntariam para mim: então, se o sapo não caiu na água fervendo e se o sistema político não vai dar forma ao afastamento, vale a pena seguir na rua? Vale demais! Vale muito! Afinal de contas, isso vai esquentando a água de outro sapo: o governo! Quando ele menos notar, quem vai se cozinhar é ele e aqueles que estão ao seu redor.

O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta. Maquiavel

R – O ato de ir às ruas tem transformado a participacão cidadã no Brasil. Isso faz uma enorme diferença. Não é diferença que se nota de um dia para o outro ou de um ano para o outro, mas que conta muito de eleição em eleição. Com manifestações, os individuos vão se concetando mais ao mundo político! Se eu gosto muito de política atulmente e considero que compreendo melhor o tema do que entendia antes, é por que já estou na rua faz tempo! Em 29 de setembro de 2007, organizei com muitos outros um evento na Praça da Liberdade contra o Governo do PT e outras coisas terríveis. Éramos poucos… E temos só aumentando. Gosto de rever essas imagens e buscar pessoas que já estão nas ruas há muito tempo! Isso é construção coletiva! Isso é cidadania. Falar mal do PT naquela época era quase um crime! Afinal, Lula era uma humanidade. Os tempos mudaram…

SOs tempos mudaram e Lula virou um balão inflável. Para mim, a cena mais emblemática desse domingo foi ver o ex-presidente representado como um presidiário na Esplanada dos Ministérios em Brasília. Aquilo é muito forte. Os manifestantes foram criativos e, sem violência, passaram uma mensagem poderosa. A imagem do PT piora a cada dia. De forma irremediável. E o partido não muda a estratégia… Nas redes sociais, usaram a hashtag #carnacoxinha para estigmatizar e chacotear quem foi protestar. Que triste! Ao mesmo tempo, na frente do Instituto Lula, poucas pessoas unifromizadas faziam um churrsaco em apoio ao PT. Isso foi a piada… Seria cômico, se não fosse trágico! Ou pior, a tal Marcha das Margaridas um dia antes. Outros tantos militantes fianciados com dinheiro publico desfilaram em Brasília para demonstrar um poder que o PT não possui mais… O PT faz piada, mas a piada virou o PT. Simplesmente não adianta mais… O partido vai ficar nesse limbo até 2018. Quem nos governo é um zumbi. Não morreu, mas não vive também.

T – Devo destacar a participação de inúmeros políticos da oposicão, com destaque para Aécio Neves. Enquanto petistas são hostilizados onde vão, há outros tantos que são aplaudidos por gente que não é claque. Fizeram muito bem em se juntar aos manifestantes! Antes de serem ocupantes de cargos públicos, esses sujeitos são cidadãos que também se posicionam contra o governo. Parecia muito estranho ver as pessoas na rua descoladas daqueles que eles elegeram para serem representadas. Levou tempo, mas isso foi corrigido. E bem corrigido. Erguer a constituicão foi um gesto simbólico que respondeu a tempo e modo a orientação petista para se pegar em armas.

U – No caso específico de Belo Horizonte, vale destacar que o protesto ocorreu dois dias depois de outros anterirores contrários ao aumento da tarifa de ônibus. Recebi muitas provocacões no meu facebook. Na quinta-feira, 13 de agosto de 2015, manifestantes do movimento chamado “tarifa zero” avisaram as autoridades sobre o ato que fariam, mas descumpriram o roteiro informado. Ao invés de seguir pela Avenida Afonos Pena, tomaram a Rua da Bahia e travaram o trânsito da cidade. Claro que discordei! Não se troca um direito por outro: o direito a manifestação é tão importante quanto o direiro de ir e vir. Eles precisam conviver. Perguntaram se a manifestação de domingo não impediu o direito de ir e vir. Não! Não impediu! Afinal de contas, os organizadores informaram a polícia militar o trajeto e a BHTrans conseguiu organziar rotas alternativas com tempo suficiente. O mesmo se deu na sexta-feira, dia 14 de aosto de 2015, quando o mesmo movimento “tarifa zero” cumpriu o combinado e manifestou-se de maneira pacífica harmonizando direitos. Nem vou tocar no ponto da violência policial, por que essa não se justifica nunca. Aliás, a violência nunca é o caminho! Embora alguns manifestantes discordem de mim…

VQual é o caminho portanto? Diria Antonio Machado: caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar. Não ha fórmula para se aprimorar a democracia brasileira. Todavia, acho que estamos caminhando na direção certa. Eu acho o protesto contra o aumento das tarifas muito bom. Eu acho o protesto contra o PT muito bom. O primeiro estranha o segundo, mas não deveria! A estética dos indivíduos é mesmo diferente. No meu facebook, alguém veio dizer que as manifestacões de domingo são muito sem graça: só gente cantando o hino, de verde e amarelo com tudo muito organizado! E qual o problema, oras? A manifestacão tem regra escrita onde? Para manifestar, o cidadão precisa se vestir assim ou assado, usar o cabelo assim ou assado, a roupa tal, o sapato qual… Parem com isso! A únca regra que eu defendo, não apenas por ser lei, mas também por eficácia, é que os protestos não tenham violência. Os protestos violentos nunca dão certo! Nunca! Podem citar os exemplos de sempre que eu terei as respostas. Mahatma Gandhi e Martin Luther King Junior tinha seus defeitos, mas ainda servem como modelos de enfrentamento.

X – O governo do PT precisa ser enfrentado. E enfraquecido. Ele precisa permanecer fraco. Pode ser que o mandato de Dilma Rousseff se abrevie? Pode ser. Eu não acredito nisso. Acho que a nossa próxima oportunidade de substituir esse governo começa em 2016. Toda essa efevercência nas ruas precisa ser transformada em votos. As eleições municipais são uma excelente oportunidade para começar a tirar o PT do poder. Muito mais do que isso! É fundamental enfraquecer o PMDB! A força do PMDB se dá em grande parcela pela grande quantidade de votos que possui nas cidades, sobretudo no interior. E não é enfraquecer apenas PT e PMDB! É hora de tirar o poder das legendas e entregar de volta aos cidadãos. É hora de otimizar a democracia para todos e não só para os militantes. É hora de fortalecer os laços sociais criados por esses movimentos e não ter medo da política. É hora de lançar candidatos para derrotar os defensores do modelo que vem se perpertuando. Se a reforma política não passou e as dificuldades seguem, redobrem as forças para vencer no sistema que há. Se ainda não é possível ser candidato independente sem ser filiado num partido, vale encontrar um onde as ideias não seja derrotadas pelo processo. Falta cerca de um ano para elegermos prefeitos e vereadores. Essa será a grande largada para a necessária mudança em 2018. Caso contrário, a scoiedade vai estar sempre numa pressão e temperatura diferentes do sistema político. Numa hora, esse encontro precisa se dar. Por que não há outro caminho, senão o caminho da política. Sinto informar aos bobocas que defendem golpes…

WHaverá próxima manifestação? Acho que sim. Serão várias… E o que vai acontecer? Acho que ficaremos nisso. As pessoas vão para rua e a temperatura da panela seguirá esquetando. Para um sapo (povo) e para outro (governo). É muito importante, aliás. O pior seria ver a água esfriar. Achavam que a economia brasileira iria encolher apenas em 2015. Hoje, afirmaram que vai encolher também em 2016. O calor vai aumentando lentamente. Se nada ferver, e acho que não ferverá, os sapos vão seguir dentro d’água. Isso é terrível para o Brasil como um todo, diga-se. Os desafios vão ficando ainda maiores. Eu fico imaginando o trabalho de quem for governar a partir de 2018! E também que tipo de tarefa vai enfrentar quem estiver no poder municipal a partir de 2016. Essa culinária de rãs é cara demais!

YEu aconselho que você vá nas manifestacões. Eu vou sempre que posso! Não pare nisso. Aprofunde-se. Entenda qual a razão dos problemas. E busque soluções para eles. A gente anda muito bom de crítica, mas pouco produtivo nas solucões. Leia muito. Ajuda.

Z – Não esmoreça, cidadão! Esse texto não pretende desanimar ninguém! Ele foi escrito para compartilhar informações que são fundamentais para quem vai para a rua. Vejo uns ou outros tratando o impeachment como a coisa mais simples do mundo! Não é assim. Muito melhor do que ver o cidadão na rua é ver o cidadão bem informado! Esse segundo, muito mais do que o primeiro, muda o Brasil de verdade. Ele pode até não sair de casa para protestar, mas sai de casa para votar melhor que da última vez. É sempre possível melhorar o voto e pular fora da fervura antes que sejamos todos cozinhados.