Marcos da história da capital

Edificações que se projetam em altura e importância

A história de Belo Horizonte é um tema que me fascina. Da inauguração da capital planejada, em 1897, à transformação da cidade em uma das principais metrópoles do país, acompanho e pesquiso regularmente sobre as muitas etapas de urbanização do município. Confesso que tenho um sentimento maior pela primeira metade do século XX, principalmente o período em que Juscelino Kubitschek foi nomeado prefeito pelo interventor Benedito Valadares, na década de 40.

Foi o apogeu da capital. O complexo arquitetônico da Pampulha, obra modernista que inspiraria anos mais tarde o surgimento de Brasília, e a construção de edifícios como o Acaiaca e o Conjunto Sulacap/Sulamérica, foram iniciativas que modernizaram urbanisticamente Belo Horizonte. Essa requalificação possibilitou à cidade ganhar maior visibilidade e se integrar ao eixo cultural do Sudeste brasileiro, ao lado de Rio de Janeiro e São Paulo.

Abordo o tema porque, quando da retirada do relógio do banco Itaú, no alto do conjunto JK, na praça Raul Soares, muita gente me procurou para falar sobre a história de alguns prédios da cidade com uma dúvida bastante curiosa: qual é o edifício mais alto de nossa capital? Ainda é o Acaiaca, cuja construção teve início em 1943 e foi concluída em 1947? Ou seria o JK, outra obra planejada por Oscar Niemeyer, que teve início nos anos 1950 e só foi inaugurada em 1970?

Nem um, nem outro, de acordo com dados sobre o edifício Aureliano Chaves, ou edifício Forluz, localizado na esquina da avenida Barbacena com rua Mato Grosso, no Santo Agostinho. Projetado pelo arquiteto Gustavo Penna, o prédio teve sua construção concluída em 2014. A edificação tem 23 andares e 121,10 m de altura e seria mais alta que o Acaiaca – que ainda é considerado oficialmente pela Prefeitura de Belo Horizonte o mais alto da cidade.

Também há quem questione a altura do Acaiaca, afirmando que ele tem 100 m de altura, e não 120 m, como sempre foi divulgado. Para essas pessoas, a Torre B do JK, esta, sim, teria 120 m. Esta é uma questão que motiva discussões entre estudantes de arquitetura e muita gente que tem como hobby colecionar informações e curiosidades sobre prédios históricos em várias partes do mundo. Para solucionar esse impasse de opinião de uma vez por todas, só mesmo fazendo uma nova medição da altura dos dois imóveis históricos da capital.

Há outros prédios em Belo Horizonte que passam dos 100 m de altura. O mais novo deles é um empreendimento na rua Santa Rita Durão, o Savassi Tower, com 37 andares e 110,73 m de altura. Na vizinhança da capital, mais especificamente em Nova Lima, são inúmeras as edificações com mais de 120 m de altura. A mais elevada é o Concórdia Corporate, com 170 m.

Em uma era de avanços tecnológicos e soluções de engenharia cada vez mais ousadas e desafiadoras, a altura de edifícios como Acaiaca, conjunto JK, Conjunto Sulacap/Sulamérica e Ibaté (primeiro arranha-céu de Belo Horizonte e que está sendo transformado em hotel), será cada vez menos significativa. Entretanto, a importância cultural e social dessas edificações no processo de urbanização do município não pode ser esquecida, deixada de lado. São marcos da memória da cidade, contadores de história dos primeiros 50 anos de vida da capital mineira.

Publicado em Jornal O Tempo – 04/10/2019