cidades-esponja, solução para inundações urbanas
Inundações e alagamentos causados pelas chuvas são um dos problemas mais graves e crônicos de Belo Horizonte. Com o solo impermeabilizado e topografia acidentada, a capital registra a cada ano um grande número de ocorrências desse tipo, com prejuízos materiais, perda de vidas e poluição.
A dificuldade é a mesma enfrentada em centenas de cidades nos mais diversos cantos do mundo, notadamente naquelas em que a rede de esgoto e as águas pluviais se encontram, exatamente como é o caso de BH, onde o Ribeirão Arrudas recebe dejetos e a água proveniente da chuva. Para especialistas em meio ambiente, essa combinação é uma potencial fonte de desastres ecológicos, e todo o esforço deve ser feito para eliminar tais riscos.
A – Por isso, um novo conceito, o da “cidade-esponja”, ganha corpo nos Estados Unidos e no Canadá, como solução mais sustentável e infinitamente menos dispendiosa que os “piscinões” e bacias de contenção construídas em São Paulo e em outros municípios brasileiros. A proposta é replicar no ambiente urbano as condições encontradas na natureza, onde o solo é permeável e a vegetação auxilia na retenção da água.
B – Um exemplo de como a adoção dessas práticas alternativas é necessária vem da cidade de Saint Louis, no Missouri, que precisa investir cerca de US$ 5 bilhões em obras de construção de tubulações subterrâneas para coletar água de chuva em separado das redes de esgoto. A busca por outras metodologias tornou-se prioridade em razão desse volume de investimentos em um momento em que as dificuldades econômicas estão por toda a parte.
C – A Universidade Estadual da Carolina do Norte investe na construção de pântanos artificiais, tendo como modelo áreas naturais úmidas. Já na Universidade de Toronto, no Canadá, os estudos estão focados na criação de espaços porosos, com alta permeabilidade, nos ambientes urbanos, funcionando justamente como uma esponja que retém água.
D – Grutas cobertas de vegetação, ruas e telhados verdes, jardins e outras iniciativas destinadas à retenção da água de chuva integram as soluções em discussão para conter inundações e alagamentos nos espaços urbanos. Com esses mecanismos, os cientistas atuam para reter a água até que ela seja absorvida naturalmente pelo solo ou liberada na atmosfera.
E – Os especialistas envolvidos na criação desses “habitats urbanos” afirmam que esses projetos trazem outros benefícios além da retenção da água de chuva, como a redução do aquecimento urbano, a diminuição da velocidade do aquecimento global, a reprodução de espécies animais, como as abelhas, e até a melhoria da saúde mental da população que mora nessas áreas.
F – A simplicidade de algumas soluções sustentáveis para a retenção da chuva também chama a atenção. Em Chicago, a prefeitura local distribuiu 123 mil barris, com capacidade de 208 litros cada, para a população usar na coleta da água de chuva. Foram investidos US$ 6 milhões na compra dos barris, e a ideia é de conscientização dos moradores, para que eles aprendam a cuidar e a administrar o uso da água.
G – Em Toronto, maior cidade canadense, a solução para impedir inundações está no alto dos edifícios, mais precisamente nos telhados. Desde 2010, a cidade tem uma legislação que regula a implantação dos chamados tetos verdes. Dependendo do tamanho do imóvel, até 60% do espaço do telhado pode ser usado para o cultivo de plantas. A preocupação é impedir a infiltração de água na estrutura dos prédios. Hoje, são mais de 400 telhados verdes construídos ou autorizados na cidade, o equivalente a 60 campos de futebol.
H – Já a administração municipal da Filadélfia, a maior cidade da Pensilvânia, tem uma proposta ambiciosa, com a meta de investir, até 2036, US$ 2,5 bilhões para transformar áreas urbanos em espaços urbanos. O objetivo é reduzir em 85% os índices de poluição de rios da região. A prefeitura também concede subsídios aos moradores que substituem o piso de concreto de calçadas e pátios por pavimentos mais porosos, que possibilitem a absorção da água.
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