Belo Horizonte concorre a título de cidade criativa da Unesco
Desde 2004 Belo Horizonte busca participar da Rede das Cidades Criativas da Unesco, sem sucesso. Agora, surgiu uma nova oportunidade para que a capital de Minas obtenha êxito neste esforço e passe a integrar a iniciativa da Unesco que busca promover a cooperação internacional entre cidades que tenham a criatividade como estratégia para cumprir os objetivos sustentáveis da ONU.
As inscrições para os municípios que querem integrar a Rede de Cidades Criativas vão até 30 de junho e Belo Horizonte tem chances reais de obter uma vaga. A capital quer ser reconhecida como cidade criativa no segmento de gastronomia, e já participou de uma pré-seleção, feita pela Secretaria Especial de Cultura, do Ministério da Cidadania.
Entre 23 cidades que disputaram o direito de receber assessoria especial do governo federal, ficamos em quinto lugar geral e em primeiro lugar no segmento da gastronomia. Por esta razão, os representantes dos restaurantes, bistrôs, bares e botecos da capital estão entusiasmados. Acreditam que a cidade está muito próxima de ser escolhida pela Unesco, o que será um divisor de águas para a consolidação das iniciativas de economia criativa no município.
Tenho a mesma confiança. Conheço bem os projetos de diversos empreendedores responsáveis pela transformação do setor gastronômico da cidade. Ontem tiveram início as oficinas de trabalho para elaboração do dossiê que a cidade irá apresentar à Unesco, formalizando a candidatura. O embaixador de Belo Horizonte é o chef Léo Paixão, que trabalha pelo projeto desde outubro do ano passado.
As oficinas se encerrarão no dia 16. Na sequência, virá o encaminhamento do documento para análise da Unesco. Espero que o trabalho tenha êxito, não apenas por desejar que a cidade finalmente seja reconhecida como um polo urbano de criatividade, mas também pelo fato da economia criativa ser um dos compromissos do meu mandato, resultado das discussões, reuniões e observações que fiz durante o planejamento da minha candidatura.
Posso afirmar que nossa capital hoje respira criatividade, não apenas no segmento gastronômico, que é o que mais chama a atenção, por ser a principal opção de lazer dos belo-horizontinos e também por manter uma tradição que a cidade tem desde seus primeiros anos de vida. Mas há uma explosão de criatividade em setores como moda, estética, tecnologia e empreendedorismo social, entre outros. Em resumo, os empreendedores criativos pedem passagem e a conquista dessa chancela da Unesco fortalecerá ainda mais tais iniciativas.
É preciso também destacar que a Rede de Cidades Criativas está integrada à agenda 2030 das Nações Unidas, no rol de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ou seja, a economia criativa já é compreendida e respeitada como instrumento de sustentabilidade e redução das desigualdades sociais. Mais uma razão para que Belo Horizonte se integre a este esforço internacional.
O reconhecimento da Unesco trará novo fôlego para as iniciativas criativas da capital, não apenas na gastronomia. Somos um país onde empreender ainda é muito difícil, enfrenta burocracia, falta de capacitação e de recursos. Um case de sucesso como a da gastronomia de Belo Horizonte, se a cidade obtiver êxito, servirá de instrumento de disseminação da cultura da criatividade e beneficiará a todos, não apenas aos empreendedores do segmento.
Publicado em: Jornal o Tempo – 10/05/2019